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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Porque uma viagem marca tanto.


Dizem que a jornada começa com o primeiro passo.  Mas há muitas jornadas dentro uma única jornada e mesmo, dentro de um único passo. É como se a jornada fosse dividida em quantas, assim como na teoria da mecânica quântica e relatividade geral entrelaçadas. Uma jornada tem quantas de outras jornadas e essas têm quantas de lugares e esses, quantas de experiência que tem, por sua natureza quântica, quantas de sensações. Mas dá para reduzir ainda mais essa jornada, chegando a pontos de escala infinita; um sorriso, um olhar, um aroma, um piscar de olhos, minutos, segundos. Assim, nos damos conta de que uma viagem é feita de incalculáveis infinitos momentos, e momentos são feitos de Tempo. Assim, podemos dizer que duas semanas viajando equivalem a duas semanas trabalhando. São a mesma escala de Tempo. Mas, porque me lembro para sempre de duas semanas de viagem e me esqueço com facilidade de qualquer duas semanas trabalhando? Pensando sobre isso me dou conta que essa questão não está relacionada diretamente a questão de trabalho ou viagem, mas sim da questão imperceptível, mas existente, do Tempo. O Tempo existe desde o inicio do universo, acredita-se que ele nasceu com o universo, ele está relacionado com a expansão do universo e com a entropia de todas as coisas, que permite o futuro, mas, não o passado. O tempo que já passou não volta mais porque não há energia que consiga reverter o processo entrópico do universo. Podemos guardar e armazenar as informações do passado, mas não desatar o nó quântico e entrelaçado dos processos de desfragmentação e rearranjo da matéria e energia. Ninguém separa o café do leite como era antes de misturado. Depois de misturado pode ser separado com muita energia e tempo, mas haverá perdas e modificações da matéria nesse processo. Nunca será igual porque o Tempo passou. O tempo se arranja em uma teia junto com a matéria em redes de tamanho muito pequeno denominado Plank. Assim não há tempo sem matéria e não há matéria sem tempo. A matéria interfere no comportamento do tempo retardando-o ou acelerando-o. Ande muito rápido, velocidades muito altas, e você envelhecerá menos, suba uma montanha, afastando-se da ação da gravidade e você envelhecerá mais. Claro que você só vai sentir isso se conseguir a proeza de viver milhões de anos. Mas os satélites já precisam de ajuste de tempo para funcionar com o mesmo tempo da terra. Enfim, o tempo é uma rede que está amarrada a nosso corpo, alma, a tudo que nos cerca; e ele está passando. Por isso entendi que o porquê de se lembrar de duas semanas de viagem e não de duas semanas de trabalho está relacionado ao Tempo. O fato é que não percebermos o tempo passando dia-a-dia, hora a hora, segundo a segundo; só o percebemos em estados quânticos; dois anos, dez anos, quando olhamos as fotos da época da faculdade e vemos que não temos mais os mesmos cabelos e nossa pele está diferente. Não conseguimos ver essa passagem clara do tempo em nossos rostos comparando as fotos postadas no Facebook há duas semanas, só em intervalos maiores. E isso é a chave para tudo, pois só nos damos conta de que o tempo passou depois de muito tempo. Então o fato de se lembrar para sempre de duas semanas de viagem é porque vemos o tempo passar diante dos nossos olhos, porque vivemos o Tempo e não só passamos pelo Tempo; encuramos os quantas de percepção do  Tempo. Essa experiência de viver o tempo é marcante, ela fica profundamente gravada em nossa consciência e memória. Essa experiência nos modifica, desperta e elucida questões existenciais e morais; acabamos por evoluir a cada vez que nos conectamos ao tempo com essa intensidade. Estando conectado ao tempo, vê-lo passar, estamos aproveitando melhor o curto espaço de tempo que temos aqui. Do contrário, apenas passando pelo Tempo, temos uma vida vazia, onde as menores escalas de comprimento de tempo interagem na materia provocando e entropia natural para a escala seguinte no futuro e nós ficamos nesse breve intervalo, desconectado, inconsciente do tempo; e a soma desse minúsculo intervalo cria segundos, horas, dias, meses, anos e quando o salto quântico de consciência vem depois de anos, nos damos conta de que nada fizemos senão sermos carregados pelo destino. Muitas vezes essa percepção da importância de convivermos com o tempo de maneira consciente chega a tempo de efetuarmos mudanças em nossas vidas. Porém, para grande parte das pessoas a consciência chega tarde demais, ou não encontra a disposição necessária para promover as mudanças. Até porque viver conectado com o tempo é viver intensamente; amando, raciocinando, questionando, atentando, pensando, estudando, inovando, sofrendo e crescendo; e isso requer um grande esforço. Para muitos, é um esforço impensável, é muito mais fácil passar pelo tempo. Não posso criticar esse tipo de comportamento, mas tenho uma sede de evoluir de viver e por isso me rebelo a essa idéia e constantemente busco saídas a uma vida forjada e incentivada a só passar pela vida. Viajar é assim uma das rebeldias maiores. Se desprender do lugar, voar e andar por muitos lugares diferentes, admirar o novo e enfim vivenciar cada quanta de tempo e experiência é o que por muitas vezes me faz estar vivo novamente, e assim espero ir, viajando com o Tempo até meu derradeiro destino; onde vou dar um Tempo!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Últimos dias antes da viagem

Faltam dois dias para mais uma nova viagem e eu olho meu blog e percebo quanto pouco tempo tive para tudo nesse ano que passou. Meu pobre blog é prova cabal disso. Meus cinco livros pela metade, minhas histórias desconstruídas, empoeiradas numa prateleira são prova. Nossa mente fica roboticamente controlada pelas atividades e pela rotina. Criar, seja um cantarolar, uma frase, se torna uma tarefa árdua. Agora, somou-se a tudo isso os preparativos da viagem. Reserva de hotéis , escolha de roteiros, horas de estudo sobre os locais, onde ir, como ir, quanto dinheiro levar, preparativos para deixar os cachorros etc... tomam o resto do tempo, mas é um tempo gasto com muito prazer. Às portas da viagem as coisas no trabalho se acumulam, como se todos estivessem buscando resolver tudo antes da sua partida, e eu já estou vendo a viagem na minha frente e as vezes é impossível manter o foco. Mas, vamos lá... um roteiro que já está dando saudades, porque já o percorri inúmeras vezes no Maps, no google, tanto, que já consigo senti-lo, como se já o tivesse visitado. Já tomei os sorvetes de Veneza, ouvi a água bater nas pedras de sustentação de suas casas com veneziana, vi o rosto da Val contra o cenário da praça San Marco e exclamei: "uma foto casual!"; já me perdi na multidão de Londres, já senti o aroma do café que tem perto do hotel, já vi a Val tirar a máquina fotográfica e bater uma foto do café e dizer "adoro cafés!", já toquei nas pedras frias da Temple Church; Já vi as obras tortas do Gaudi, já apontei para os detalhes construtivos da Sagrada Família, já andei pela Ramblas e ouvi a música tocando, já vi a Val encantada com as vitrines; Já andei melancolicamente pelas vielas medievais de Beaune, já fiquei tonto com o vinho Gran Cru, já jantei com a Val em clima romântico; Já me perdi nas caves de Reims, já fiquei admirado em estar diante de onde os Reis eram coroados, Já vi a Val me puxando e dizendo: "vamos comprar um Champagne para tomar no hotel"; Já fiquei feliz ao ver a ONU em Genebra, já percorri o movimentado parque du Lac; Já senti a aceleração do trem e pensei em Einstein, já vi o rosto da Val refletido no vidro do trem no eurotúnel, já corri para não perder o avião... já exclamei meio baixo, sentado na estação Gare Est: "devíamos ter ficado mais em Paris!"...tira e bota casaco gastando a rodinha da mala... Já estou com saudades. 
Viajar é muito bom! Mas, tenho que reformular essa frase, desconstruí-la para recolocá-la no seu sentido original. Viajar, como concepção de deslocar-se no espaço em relação ao tempo é uma coisa. Faço isso diariamente nos meus conturbados 130 Km ida e volta ao trabalho. Mas o que é bom mesmo é o viajar como a forma de se deslocar no espaço em relação ao tempo vezes a constante Alma. Calma que eu explico: Quando vou ao trabalho e volto... não me sinto, não tenho experiências memoráveis, boas. Posso passar por lugares lindos, mas pouco os admiro, porque estão inseridos no que me faz robotizar... então a alma não é uma constante, muitas vezes não está "presente". Quando viajo, a alma está aguçada, liberta, criança, vistosa. Como se me falasse: "Sou eu, é você, veja só quem você é!". Loucura, tudo bem... mas é assim que eu me sinto!
Mas, então, o importante mesmo não é para onde você vai, e sim com quem e como você vai. Como perguntou um colega de trabalho: Onde você vai? Vai para a Islândia? sorriu em tom de brincadeira... (talvez a Islândia seja uma meta inalcançável na cabeça dele, sei lá, um lugar onde algum maluco um dia imaginou ir). Então meio sem jeito respondo: Vou pra mais longe!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Parceria de Viagem

Viajar sozinho é bom, melhor ainda é viajar bem acompanhado.
Minha companheira de vida também é minha companheira de viagem. Foi mordida pelo espírito da aventura e da busca por novas experiências. A Val é a melhor companheira de viagem.

Viajar

Quando  ficamos por muito tempo em um só lugar, nosso mundo se reduz.
Problemas pequenos, acontecimentos insignificantes ganham dimensões gigantescas em nossa vida.
Por outro lado, quando estudamos, quando viajamos, nosso mundo se expande. Nossa vida se expande junto com nossas novas experiências e percebemos que o mundo é muito maior do que imaginavamos. Passamos a encarar melhor os desafios, colocando os pequenos incidentes do nosso dia no seu devido lugar, dando valor a "coisas" que realmente importam.
Vivendo cada momento da viagem, nos desenvolvemos intelectualmente e espiritualmente, passamos a ser pessoas melhores.
Depois que se aprende a viajar, não se consegue mais parar.