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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Últimos dias antes da viagem

Faltam dois dias para mais uma nova viagem e eu olho meu blog e percebo quanto pouco tempo tive para tudo nesse ano que passou. Meu pobre blog é prova cabal disso. Meus cinco livros pela metade, minhas histórias desconstruídas, empoeiradas numa prateleira são prova. Nossa mente fica roboticamente controlada pelas atividades e pela rotina. Criar, seja um cantarolar, uma frase, se torna uma tarefa árdua. Agora, somou-se a tudo isso os preparativos da viagem. Reserva de hotéis , escolha de roteiros, horas de estudo sobre os locais, onde ir, como ir, quanto dinheiro levar, preparativos para deixar os cachorros etc... tomam o resto do tempo, mas é um tempo gasto com muito prazer. Às portas da viagem as coisas no trabalho se acumulam, como se todos estivessem buscando resolver tudo antes da sua partida, e eu já estou vendo a viagem na minha frente e as vezes é impossível manter o foco. Mas, vamos lá... um roteiro que já está dando saudades, porque já o percorri inúmeras vezes no Maps, no google, tanto, que já consigo senti-lo, como se já o tivesse visitado. Já tomei os sorvetes de Veneza, ouvi a água bater nas pedras de sustentação de suas casas com veneziana, vi o rosto da Val contra o cenário da praça San Marco e exclamei: "uma foto casual!"; já me perdi na multidão de Londres, já senti o aroma do café que tem perto do hotel, já vi a Val tirar a máquina fotográfica e bater uma foto do café e dizer "adoro cafés!", já toquei nas pedras frias da Temple Church; Já vi as obras tortas do Gaudi, já apontei para os detalhes construtivos da Sagrada Família, já andei pela Ramblas e ouvi a música tocando, já vi a Val encantada com as vitrines; Já andei melancolicamente pelas vielas medievais de Beaune, já fiquei tonto com o vinho Gran Cru, já jantei com a Val em clima romântico; Já me perdi nas caves de Reims, já fiquei admirado em estar diante de onde os Reis eram coroados, Já vi a Val me puxando e dizendo: "vamos comprar um Champagne para tomar no hotel"; Já fiquei feliz ao ver a ONU em Genebra, já percorri o movimentado parque du Lac; Já senti a aceleração do trem e pensei em Einstein, já vi o rosto da Val refletido no vidro do trem no eurotúnel, já corri para não perder o avião... já exclamei meio baixo, sentado na estação Gare Est: "devíamos ter ficado mais em Paris!"...tira e bota casaco gastando a rodinha da mala... Já estou com saudades. 
Viajar é muito bom! Mas, tenho que reformular essa frase, desconstruí-la para recolocá-la no seu sentido original. Viajar, como concepção de deslocar-se no espaço em relação ao tempo é uma coisa. Faço isso diariamente nos meus conturbados 130 Km ida e volta ao trabalho. Mas o que é bom mesmo é o viajar como a forma de se deslocar no espaço em relação ao tempo vezes a constante Alma. Calma que eu explico: Quando vou ao trabalho e volto... não me sinto, não tenho experiências memoráveis, boas. Posso passar por lugares lindos, mas pouco os admiro, porque estão inseridos no que me faz robotizar... então a alma não é uma constante, muitas vezes não está "presente". Quando viajo, a alma está aguçada, liberta, criança, vistosa. Como se me falasse: "Sou eu, é você, veja só quem você é!". Loucura, tudo bem... mas é assim que eu me sinto!
Mas, então, o importante mesmo não é para onde você vai, e sim com quem e como você vai. Como perguntou um colega de trabalho: Onde você vai? Vai para a Islândia? sorriu em tom de brincadeira... (talvez a Islândia seja uma meta inalcançável na cabeça dele, sei lá, um lugar onde algum maluco um dia imaginou ir). Então meio sem jeito respondo: Vou pra mais longe!